Jacques
Galinkin*
Certa vez, um Prefeito
chamou-me a seu gabinete para dizer que estava asfaltando um número
considerável de ruas e sentia-se fazendo uma grande injustiça: mais da metade
daqueles moradores beneficiados não pagavam IPTU; e ele não podia asfaltar só a
frente da casa de quem estava em dia com o seu imposto municipal, deixando a
casa do inadimplente na terra batida.
A mesma coisa acontecia com
os outros serviços prestados pela Prefeitura: o lixo, que em sua administração
passou a ter uma coleta considerada excelente pela população, tinha de ser
recolhido de todas as casas, independente dos moradores terem pago o IPTU ou
não. O que fazer?
O Prefeito, um engenheiro
com pós-graduação nos Estados Unidos, que havia ralado para se formar, passar
em concurso público etc. tinha alto senso de justiça e se sentia muito
desconfortável com aquela situação. Queria que todos cumprissem com as suas
obrigações, pagando o IPTU, mas queria, sobretudo, que aqueles que o tivessem
feito ganhassem algo além dos benefícios gerais.
Nada como sair do gabinete
de um Prefeito com um belo briefing, um briefing que representava um enorme
desafio. A cidade tinha mais de 800.000 habitantes, era a segunda maior cidade
do Estado em população, vindo logo depois da capital, Rio de Janeiro. Como a
maioria das cidades brasileiras, os moradores de São Gonçalo confundiam
atribuições, recursos e realizações de governos municipal, estadual e federal.
Há um fosso que separa
população e governos há séculos, um problema de comunicação a ser resolvido,
mas que os governos adiam enfrentar.
Tinha a missão de conseguir,
com uma pequena verba, reverter o quadro de inadimplência e, como desejava o
alto senso de justiça do Prefeito, premiar com algo a mais àqueles cidadãos que
cumpriram a obrigação de pagar o IPTU.
Assim nasceu o primeiro IPTU
Premiado do Brasil, em 1992.
Como tínhamos pouco tempo,
não havia como dar carros, televisores etc., pois a Prefeitura teria de fazer
licitação para comprar esses bens. Então, encontramos a solução: os prêmios
seriam em ouro, que comprados do Banco do Brasil, ao preço do dia, não exigia
concorrência.
Não tínhamos tempo para imprimir
bilhetes nem entregá-los à população: utilizamos como bilhete de sorteio o
próprio carnê do IPTU, concorrendo o numero de inscrição do imóvel.
O comercial de TV mostrava o
que se fazia com o dinheiro do IPTU: asfalto nas ruas, coleta de lixo, escolas,
postos de saúde etc.
Resultado: a Prefeitura
reverteu uma inadimplência de 60% para 40%. E, como queria o Prefeito, os bons
pagadores tiveram algo a mais. Os prêmios em ouro foram, claro, para alguns.
Mas todos ganharam em informação e, com menos inadimplência e mais recebimentos
da Prefeitura, em obras e serviços.
A comunicação e a propaganda
podem e devem ajudar a resolver muitos problemas dos governos municipais,
estaduais e federal, trazendo economia para os cofres públicos.
É o acontece quando as
campanhas são planejadas e executadas com este objetivo.
Assista o comercial no
Youtube
*Jacques Galinkin é
especialista em marketing eleitoral e governamental
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