Escrito
por Francisco Mangieri
Seg,
27 de Outubro de 2014 08:25
Quase 400 mil empresas
terão dois meses para regularizar suas pendências e evitar serem excluídas do
Simples Nacional em 2015. Segundo a Receita Federal, a dívida total das
companhias intimadas chega a R$ 14 bilhões.
"Porém não há
previsão de ingresso significativo de arrecadação, pois se espera que as
regularizações ocorram apenas na modalidade de parcelamento", afirmou o
fisco ao DCI, por meio de nota.
Para 2014, a
arrecadação estimada pela Receita é de R$ 423 milhões, resultantes do pagamento
das parcelas de novembro e dezembro. Não se espera valor significativo de
pagamentos à vista.
Esse número de empresas
a serem excluídas no regime é quase o mesmo dos que poderão optar pelo sistema
com as mudanças do Simples - 450 mil conforme previsão do Sebrae - que entrarão
em vigor no ano que vem.
De acordo com Tania
Gurgel, sócia e diretora da TAF Consultoria Empresarial, em tempos de economia
enfraquecida, como ocorre neste ano, as pequenas empresas são as que mais
sofrem. "Para manter a atividade, a primeira medidas que esses negócios
tomam é não pagar impostos", esclarece.
Ao mesmo tempo, como a
própria arrecadação federal está desacelerando neste ano devido ao ritmo do
Produto Interno Bruto (PIB), a tendência é aumentar ainda mais a fiscalização,
o que na visão de Tânia, pode fazer com que mais de 360 mil empresas já
intimadas - 9% do universo de optantes, de acordo com os dados da Receita
Federal - também corram risco de serem excluídas do regime simplificado de tributação.
Soluções
Na nota, a Receita
federal informa que as intimações aos devedores do Simples Nacional estão
previstas na Lei Geral do Simples Nacional e é um procedimento adotado
anualmente pela Receita Federal. "A ação visa oferecer a oportunidade para
que devedores regularizarem suas dívidas e possam, desta forma, continuar
usufruindo dos benefícios do Simples Nacional."
O contribuinte pode
regularizar suas pendências fazendo o pagamento à vista ou aderindo ao
parcelamento de débitos em até 60 meses. O parcelamento pode ser requerido
diretamente no sitio da Receita Federal na internet, não sendo necessário o
comparecimento às unidades de atendimento da Receita Federal. O fisco estima
que 90% dos devedores vão regularizar suas dívidas.
A receita afirmou
também que está em processo a consolidação de parcelamentos já solicitados
neste mês de outubro. E a partir do início de novembro, o contribuinte poderá
consultar o Portal do Simples Nacional ou o e-CAC da Receita Federal para
consultar a consolidação e emissão da parcela do mês de novembro. "Temos
641 mil opções pelo parcelamento de débitos do Simples Nacional", informou
o fisco federal.
Para Tânia Gurgel, o
efeito de quem não está com as contas em dia recai sobre as contas públicas
federais e até as estaduais. "Além de gerar menos arrecadação, para as
empresas que estão no anexo 1 e 2, comércio e indústria, está embutido o ICMS.
Se não há pagamento no Simples, o estado deixa de receber também. Também nos
anexos 1,2 e 3 tem a cota patronal embutida, o que leva a diminuir a
arrecadação previdenciária com os inadimplentes", aponta.
Mudanças
O diretor tributário da
Confirp Consultoria Contábil, Welinton Mota, alerta ainda para outra regra, já
em vigor, que, se não cumprida, exclui as empresas do regime simplificado. Conforme,
a Resolução CGSN 115 de 2014, as empresas que contratam funcionários como
Pessoa Jurídica serão expulsas.
"Quando estiver
caracterizado o vínculo de emprego entre o contratante e o sócio ou titular, a
empresa prestadora de serviços não poderá optar nem permanecer no Simples
Nacional. São os casos em que o empregado é contratado como PJ, fornecendo Nota
Fiscal de Serviços", explica o especialista.
Mesmo que a
fiscalização seja mais difícil neste caso - por ter que ser feita no
estabelecimento -, Mota alerta para o entendimento dessa regra, cuja única
saída será ir para o Lucro Presumido, com carga tributária quase 100% maior.
Fonte: DCI - Fernanda
Bompan
COMENTÁRIO DE OMAR
AUGUSTO LEITE MELO: esses números são assustadores, pois demonstram a atual
ineficiência e insuficiência do Simples Nacional para a maior parte das micro e
pequenas empresas. Se a maioria não está pagando, é porque a carga tributária
está alta demais. Essas ME e EPP não estão aguentando pagar tributos nem no
regime tributário que, teoricamente, ou em regra, é o mais barato. Já imaginou
fora do Simples Nacional? Como bem advertido na reportagem, a solução imediata
para esses devedores não será o pagamento da dívida, mas sim o seu
parcelamento, empurrando a cobrança para o futuro, até onde conseguir pagar
este parcelamento com os tributos correntes.
Fonte: http://www.tributomunicipal.com.br/site/index.php/menuiss/noticias/1278-quase-400-mil-empresas-podem-ser-excluidas-do-simples-no-ano-que-vem